Relaxa e Coça
- Luiz Totti
- 22 de jul. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 23 de jul. de 2019
Burnout é a palavra do momento para um
problema antigo. Como resolvê-lo?
Não sou saudosista por essência, nem gosto de ficar olhando para o passado como um artigo de luxo perdido no tempo como uma referência sobre como “hoje é muito pior do que era antes”. Pelo contrário, costumo ser sempre muito feliz com o momento atual e super otimista com o futuro, mas é inegável que olhar em nosso espelho retrovisor pode nos ajudar a entender o que acontece hoje e, talvez, a planejar melhor o que fazer.
Nesse sentido, observar como vivíamos 20 ou 30 anos atrás pode nos dar a impressão de estarmos ficando loucos hoje em dia, tamanha a pressão que recebemos e, principalmente, nos impomos em todos os nossos papéis na sociedade. Entre as frases que mais ouvimos estão: “não tenho tempo”, “estou exausto”, “como o tempo voa” e “estou de saco cheio”. Tem sido a era do stress, onde a motivação e a ambição de fazer mais é a força motriz de nossas vidas.
Mais recentemente esse espírito de estar ocupado o tempo todo, de buscar fazer mais, melhor e mais rápido começou a ser substituído por estados físicos e psicológicos de desmotivação, desânimo e falta de vontade de lutar. Cada vez mais pessoas estão desenvolvendo depressão e sintomas físicos que afetam não somente ao indivíduo, como também todo o entorno do ambiente em que estão inseridos. É a síndrome de burnout, a palavra do momento para um problema não tão novo. De acordo com o site Helpguide, burnout é “um estado de exaustão emocional, físico e mental, causado por stress prolongado e excessivo. Ocorre quando uma pessoa se sente sobrecarregada, emocionamente desgastada e incapaz de atender às constantes demandas da vida. Quanto mais prolongado é o stress, mais o indivíduo perde o interesse e motivação que o levaram a assumir uma determinada posição em sua vida”.
Esse é um problema que pode atingir a todos. O site Best Medical Degrees publicou uma série de estatísticas demonstrando que 61% dos trabalhadores americanos se sentem esgotados em seu trabalho, afetando 43% da Liderança senior, 58% dos técnicos, 61% dos assalariados nos níveis iniciais e 69% dos Gerentes e Diretores. Afeta mais mulheres (34%) do que homens (27%) e, obviamente, mais os Millenials (86%) do que os mais experientes (76%). Entre as áreas mais atingidas, estão a educação, médica, jurídica, comércio e fast food.
Embora haja um grande foco no esgotamento que ocorre nas interações com o ambiente de trabalho, a vida pessoal também contribui enormemente para o esgotamento. Duplas jornadas, relacionamentos doentios, incapacidade de mudar um status quo, lutas contra doenças físicas ou psíquicas esgotam a pessoa. A pressão da sociedade para que se mantenha uma aparência, para que siga os padrões impostos ainda que contra sua própria natureza, a necessidade de adquirir bens materiais, entre tantos outros, levam à loucura. A competição e o bullying nas escolas, os padrões comportamentais adotados e compartilhados por adolescentes pode levar a tragédias tão conhecidas por todos nós.
Olhando novamente no espelho retrovisor, nada disso é novo, já existia desde os tempos do Zagaio, mas o que mudou? A forma e a velocidade com que a informação viaja. A internet não se tornou comercial no Brasil até 1995 e somente rompeu a barreira de 20 milhões de usuários no início dos anos 2000, e nos conectou a uma velocidade impressionante. Com ela vieram os e-mails e os sites de notícias e, mais recentemente, o fenômeno das mídias sociais. Há apenas 15 anos atrás não tínhamos nenhuma rede social de peso, até que em 2004 foram criados o Facebook e o falecido Orkut, seguidos pelo Youtube em 2005, Twitter em 2006, Instagram em 2010 e o Snapchat em 2011, para citar algumas apenas. E forem eles que mudaram a forma de comunicação. Que é bom, mas que também é ruim.

Não tenho formação específica para discorrer ou tratar o burnout, nem de longe é minha intenção, mas tenho, sim, oportunidade de conhecer muita gente e usar meu tempo para conversar, ouvir e entender que o mundo hoje é muito mais complexo do que qualquer um poderia imaginar. E tenho visto que, em muitos casos, as pessoas vão ao extremo de sua resistência física e psicológica para agradar a outras pessoas, para ser o que a sociedade espera que sejam, para não ferir a alguém ou para resolver os problemas do mundo. E, ao tentarmos ser o que esperam de nós, nos esquecemos do grande segredo da felicidade: ser o que gostamos de ser! E ao tentar resolver os problemas do mundo, nos esquecemos do grande sucesso da paz interior: derrotar nossos próprios demônios!
A cada dia tenho visto mais e mais pessoas tentarem ser o que deles se espera, em vez de procurar ser e fazer aquilo que lhe dá prazer, e deixam de se amar, entrando, então, na espiral negativa da depressão. É preciso se livrar daquilo que te faz mal. O seu modelo não está nas suas redes sociais, não está no seu vizinho, está dentro do arcabouço construido pelos seus valores morais e pelos conceitos éticos que você recebeu, associado com aquilo que você almeja para sua vida e deseja para seus filhos e netos. A procura tem que ser dentro de você, jamais em um “influencer”, um “guru” ou um “youtuber”. Se tiver dificuldade de se conectar consigo mesmo, busque ajuda, há profissionais super qualificados que certamente irão facilitar essa conexão.
Sigam os conselhos do Ultraje a Rigor: “eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim”. Pare, olhe para dentro de si mesmo, seja egoísta, vá fazer o que gosta, deixe tempo para se divertir, se relacione com pessoas que te façam bem, encontre sua válvula de escape, ame, ame muito, a vida, ao próximo, e principalmente a si mesmo. Ao se amar incondicionalmente, estará preparado para alta performance em tudo o que fizer, estará aberto para amar e ser amado com a mesma intensidade e para usufruir melhor da vida.
Enfim, relaxe! Como diz o velho deitado popular, Relaxe e Coça.. nada melhor que deitar numa rede, relaxar sem fazer nada, coçando o...
Fontes de algumas informações:
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