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Reconhecer um erro – fraqueza ou virtude?

  • Foto do escritor: Luiz Totti
    Luiz Totti
  • 9 de set. de 2019
  • 4 min de leitura

Entre estar certo e ajudar ao grupo, escolha ajudar ao grupo. Estar sempre certo o tornará eternamente errado.



 

- “Vá já pedir desculpas para sua irmã”

- “Mas, mãe....”

- “Nem mais, nem menos: vá AGORA!!!!!!!!!”


Algumas décadas atrás esse diálogo era uma das coisas mais comuns na maioria das famílias desse nosso mundão velho e sem porteira. Aqueles com mais de 35, 40 anos que nunca se viram “orientados” a pedir desculpas dessa forma, ainda que sentissem que estavam corretos, que atirem a primeira pedra. Era o desenvolvimento de um valor chamado respeito ao próximo, em que aprendíamos que nenhuma ofensa era válida, ainda que para devolver uma ofensa ou agressão recebida. E crescemos assim!


O ser humano tem uma tendência natural a reagir, em vez de responder, e devemos isso a fatores hereditários que aprendemos em tempos difíceis onde somente os mais fortes sobreviveriam. Mas, hoje em dia, são os mais adaptados que sobrevivem, e parece que a está havendo uma “desadaptação” generalizada (perdão pelo neologismo nada bonito), e não creio que seja somente um fator geracional, mas algo mais profundo em nossa sociedade, em que parece estar havendo uma desvalorização desse tão importante valor. E isso afeta não só as vidas pessoais, como as corporativas e, obviamente, a carreira.


Dentre os comportamentos nocivos dentro de uma organização está justamente o “soberbo arrogante”, ou seja: o indivíduo que está sempre certo (e acredita que todo o resto da equipe esteja errado) e incapaz de se desculpar, justamente por não acreditar que cometeu um deslize que seja. Tem se tornado mais comum do que desejamos a completa ausência de argumentos para um debate honesto e sincero, assim como a pouca abertura para ouvir e entender como um comportamento possa ter afetado a outra(s) pessoa(s).


Vale sempre lembrar que a comunicação é composta por 3 elementos básicos: o emissor, o receptor e a mensagem; entretanto, há as interações e interferências externas (ruídos) e internas (histórico e momento pessoal) que podem trazer sentidos completamente distintos à mensagem enviada e/ou recebida. Assim, imaginem que, em determinado momento, durante uma reunião, conversa aleatória ou uma discussão, uma opinião é transmitida de uma forma e os receptores a entende como algo ofensivo ou indelicado. Os receptores, então, na tentativa de reestabelecer o diálogo, emitem um feedback dizendo que o que fôra dito não teria sido apropriado. Quais as alternativas para a tréplica?


Se lebrarmos do coaching maternal, a primeira e mais sadia reação seria tentar entender o porquê isso tenha soado ofensivo e, uma vez compreendido, um saudável “me desculpe, te entendo, vou tentar explicar de uma forma diferente” ou até mesmo aceitar a opinião do outro e mudar seu próprio conceito. O que não é saudável nem tampouco admissível é o que motivou esse artigo: o emissor reforça sua posição, às vezes até de forma exaltada, tentando impor sua opinião ao indivíduo ou grupo receptores da mensagem. Obviamente rejeitada uma vez mais, e já com a temperatura mais alta, a mensagem retorna para o emissor que, então, tira de seu arsenal da intolerância uma das armas mortais:


- “Vocês não entende e acho que nuca entenderão”

- “Não foi isso que eu falei, se vocês entenderam assim, o problema está com vocês”

- “SE quiserem, não emito mais a minha opinião”

E, mais tarde, quando todo o espírito de equipe já está destruído, o golpe fatal:

- “SE vocês acharam que eu fui agressivo, vou tentar melhorar. SE ofendi alguém, não foi por intenção”


Aquela palavrinha mágica, o “desculpe” é muito rara e a condicional faz parte de todas as frases, para evitar assumir qualquer responsabilidade. Esse tipo de personalidade é um peso morto para o time e deve ser extirpado pelo líder o mais rápido possível para evitar a disseminação desse comportamento pois, caso contrário, o grupo passa não confiar na liderança. Ainda que nada seja feito, o próprio grupo tratará de resolver a situação e, com o passar do tempo, esse tipo de indivíduo passa a ser deixado de lado naturalmente em decisões importantes, até ser completamente eliminado. Enfim, se o problema se dissemina na organização e esse comportamento prevalece, os bons membros irão buscar outras oportunidades no mercado e abandonar o navio. Em qualquer uma das situações, o risco de a organização colapsar é muito grande, matando, ao frigir dos ovos, as próprias ambições de carreira de quem age assim.


Tenho repetido insistentemente que as organizações de sucesso para o futuro são aquelas que souberem colocar a atitude à frente da capacitação técnica e o time autônomo à frente da tradicional hierarquia, e o “soberbo arrogante” não tem lugar nem em um nem no outro e, portanto, sem futuro. Se você está sempre certo e não aceita outras opiniões, talvez você seja o “soberbo arrogante” de sua organização e, por isso, talvez, não esteja progredindo como sonhara: livre-se desse comportamento. E se você, líder, tem um “soberbo arrogante” em seu time, talvez seja essa a razão pela qual você sente ser obrigado a micro gerenciar o tempo todo: livre-se desse indivíduo.


Entre estar certo e ajudar ao grupo, certamente escolha ajudar ao grupo!

 
 
 

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