Por favor, não concorde comigo
- Luiz Totti
- 13 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
O líder que contrata e desenvolve pessoas
para concordar com ele está fadado ao fracasso
A diversidade é normalmente tratada como algo relacionado a fatores genéticos, sociais e demográficos, e sua falta é normalmente associada a preconceitos ou intolerância. E isso não devia nem ser discutido como parte de políticas de inclusão, etc e tal... deveria ser algo natural.
Mas a diversidade que quero discutir aqui hoje é outra, de certa maneira pouco abordada e a que, no meu conceito, causa mais medo a um número muito grande de líderes: estou falando da diversidade de idéias e opiniões. Uma equipe formada e forjada para pensar igual ao seu líder é como a sociedade idealizada por Aldous Huxley em Admirável Mundo novo, uma sequencia enética incapaz de pensar e de agir de forma inovativa. E o resultado é abominável.
A corporação é um organismo vivo que evolue de acordo com as interferências externas, com as mudanças de cenário e, principalmente, com a mudança comportamental da força de trabalho. Os baby boomers construiram o mundo que vemos hoje e, brilhantes para a época, criaram sistemas e métodos que dependiam em grande proporção de suas ideias e comandos. Faça o que eu mando.
Esse método de gestão, entretanto, acabou ficando enferrujado diante do acesso à informação, a velocidade das mudanças e ao alcance Global das economias, antes restritas a um quadradinho no quintal de casa e que hoje voam longe. Como no filme Efeito Borboleta, “o bater de asas de uma delas em um determinado lugar do mundo pode gerar uma movimentação de ar que, intensificada, desencadearia a alteração do comportamento de toda a atmosfera terrestre, para sempre”. E isso mudou radicalmente a análise de riscos e o nível de input de informação necessária para uma decisão sóbria e eficiente. Uma cabeça pensando já não é mais suficiente.
Como sair desse novelo, então? Com a diversidade de pensamento do grupo de tomada de decisão! Quanto menos homogêneo for o grupo, maiores as chances de chegarem a uma decisão assertiva e acertada, pois cada um pode contribuir com pequenos pedaços de informação, construindo um DNA de solução novo a cada problema enfrentado.
Porém, isso não é suficiente, pois é necessário que esse grupo tenha voz e que essa voz seja ouvida, relativizada e incorporada ao contexto, associada às ideias dos outros e reconstruida em algo maior, plural e, na maioria das vezes, com mais chances de ser a decisão acertada. E é aí que o líder tem que fazer a diferença e ser diferente, pois a ele caberá ser a voz ativa para lançar o desafio, a voz do coach durante o debate, o mediador e a voz passiva quando o time chega a conclusão. E deverá deixar de lado seu ego, suas ideias pré concebidas para sair com algo maior. Não é fácil, pois muitos líderes ainda vivem em um tempo em que era função do maior cargo decidir sozinho; há outros que não confiam em decisões que não sejam as suas; e há muitos que simplesmente não sabem ouvir. Esses jamais construirão um legado ou deixarão atrás de si uma equipe capaz de se auto gerenciar. O que importa não é o que você faz, mas o que você deixa marcado na história por onde passou.
Por isso, a coisa mais importante que você pode dizer à sua eqiupe é:
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