Ode à recriação (ou sessão desabafo)
- Luiz Totti
- 10 de jul. de 2019
- 2 min de leitura
Há quem chame pelo asteróide, há quem queira o fim do mundo. Será que a humanidade ainda tem salvação?
Fomos feitos, todos nós, de fagulhas de emoção, para que aprendêssemos a amar, e de pequenos estalos de razão para que pudéssemos ter o senso crítico e a arte do pensamento, do discernimento. Fomos gerados frutos de um sonho coletivo, feitos para compartilhar e, juntos, com as centelhas de luz e as partículas de direção que nos foram dadas, construir nosso caminho, achar um destino comum, pois sozinhos somos pouco mais que o nada absoluto.
Mas, em algum momento dessa trajetória, desaprendemos esses caminhos, acho que pegamos algum atalho indicado por um chapeleiro maluco que nos separou, nos fez caminhar sozinhos, inebriados por ideais que não eram os nossos... Os neurônios já não se conectam, não processam a informação, abafados pelo que chega por uma rede de (des)informação, as palavras vomitadas por teclas anônimas e insensíveis, os pensamentos escondidos pelo brilho de uma tela de led, que é, na verdade, uma profunda e escura caverna, a cela solitária onde prendemos nosso coração.
Se houve algo que um dia temíamos ser, foi nisso que nos transformamos, perdemos os valores que um dia tivemos, trocamos o amanhecer de um novo tempo pelo crepúsculo do amor, brutalmente metamorfoseado em ódio e rancor. Apartados de nós mesmos, divididos a duríssimos golpes de ressentimento, intolerância e falta de respeito, divisão essa que é o pote de ouro no fim do mar de lama, a ponte para o podre poder, a (des)serviço de poucos.
Que seres são esses que seguem plantando as desavenças, separando amigos, isolando pessoas por suas crenças, opções, cores, opiniões e raças? Quem são esses minúsculos representantes da (desg)raça humana capazes de celebrar a morte de alguém, pura e simplesmente por não compartilharem das mesmas opiniões pessoais? Quem são esses desprezíveis representantes da miséria (des)humana que matam, espancam, humilham, em nome de sua auto declarada fútil superioridade? Que seres são esses? Que país é esse? Que planeta é esse?
Definitivamente, perdemos a mão, o ser humano, projeto perfeito da criação, está dando errado, batemos de cara no muro! Viramos massa de manobra de interesses terceiros que não representam aquilo que um dia sonhávamos ser. Deu ruim! Chegou a hora de reavaliar esse projeto, revisar os passos e voltarmos para a prancheta de criação.
Que comecemos hoje a reavaliar que mundo queremos para nossos netos, e acho melhor que façamos nós mesmos antes que algo (ou alguém) faça por nós.
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