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O imperfeito da perfeição

  • Foto do escritor: Luiz Totti
    Luiz Totti
  • 3 de fev. de 2011
  • 2 min de leitura

O ser humano, em sua maioria e excluídas as exceções, passa a vida lutando, ou sendo cobrado, para chegar à perfeição. Isso se aplica a todas as fases da vida e a todos os papéis desempenhados. Quem poderá dizer que é mentira que desde crianças, para não dizer desde o berço já aprendemos quase que intuitivamente, o significado da palavra benchmark?

Mas o que é a perfeição? Usando o paralelo com o futebol, talvez a perfeição seja o time do Barcelona, uma verdadeira sinfonia em campo; alguns podem até me contestar, mas, na grande maioria das vezes, o time resolve o jogo de tal forma que, para o expectador a emoção se acaba. A partir de determinado momento, todos já sabem o que irá ocorrer, que dificilmente haverá uma surpresa, que não haverá alteração significativa no andamento e, portanto, nada de novo ocorrerá. Eles vencem, é fato, mas o jogo fica chato prá caramba.

Sim, a perfeição é chata! Pense naquele seu colega de trabalho que tudo sabe, que nunca está errado, que jamais comete um único equívoco sequer. E se vangloria disso. Chato! Poderia ser seu filho, sua mãe, sua esposa! Chatos! A perfeição é imperfeita pois transmuta-se em arrogância. Falta a humildade e isso leva ao desgaste e ao afastamento.

E uma equipe perfeita? Chata? Não, a equipe perfeita é o sonho de todo e qualquer gestor que busque times de alto nível de comprometimento e desempenho. Entretanto, a perfeição pressupõe que, dentro de um determinado ambiente ou em comparação a determinados sistemas. Por isso, uma grande armadilha para um líder é acreditar que sua equipe atingiu o ponto máximo de desempenho e que, portanto, não há nada mais a se fazer. O próximo passo é não acreditar mais nos riscos, deixar-se levar pela rotina e adormecer em berço esplêndido. E o seguinte, provavelmente, fracassar.

Há muito tempo ouvi um dos muitos líderes que já tive dizer que, se uma pessoa está há 20 anos em uma empresa e durante esses 20 anos fez, de forma perfeita, todos os anos exatamente a mesma coisa, ele possui um ano de experiência e 19 anos perdidos... ele já sabia que a perfeição era imperfeita. E chata!

É esse o sentimento que me leva a gostar tanto de provocar mudanças e estimular a minha equipe a não se acomodar, a buscar o desenvolvimento e o crescimento, a olhar as coisas sob diversas perspectivas. Por essa razão é que eu não quero nunca ter uma equipe perfeita; quero uma equipe inquiridora, desafiadora e que não busque superar os seus limites, mas, sim, criar novos limites a cada dia.



*Baseado em texto de John Carlin, publicado na Folha de São Paulo, versão impressa do dia 25/01/11

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