Estar certo ou ser feliz?
- Luiz Totti
- 24 de set. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de jul. de 2019
Um dia desses, conversando com um amigo, debatíamos sobre nosso papel nas organizações e sobre como deveríamos agir diante de situações eticamente apropriadas mas moralmente (de acordo com nossa formação moral individual) duvidosas. Por exemplo, uma pessoa vegana por opção em prol da vida dos animais aceitaria uma posição em um abatedouro? Obviamente não, pois estamos falando em dois extremos absolutos. Um exemplo mais brando: você não fuma e não recomenda que seus filhos fumem, mas recebe uma oferta que garantiria sua aposentadoria para dirigir um empresa do ramo de tabaco. Aceitaria? Aí já fica um pouco menos evidente, mas ainda assim penso que não.
Agora, descendo um nível nesse paradigma: você é uma pessoa que preza o meio ambiente e adota como prática o consumo de alimentos orgânicos; você também preza projetos sociais e prega a distribuição de renda de forma iqualitária e a manutenção de empregos. Considerando que os valores corporativos estejam alinhados com os seus pessoais, você assume uma posição em uma empresa que, digamos, processa alimentos ôrganicos de origem certificada e com manejo ambiental e tem implementado programas sociais de qualidade na vizinhança. Perfeito, concorda? Agora, imagine que há uma crise e o consumo dos itens produzidos por essa empresa se reduz a um nível em que coloca em risco a sobrevivência da empresa e você é obrigado a fazer uma redução de 50% de sua equipe. O que você faria? Ajudaria a empresa a sobreviver para manter sua visão ou se demitiria?
Obviamente, são cenários inventados para criar uma refexão, que foi a que tivemos durante aquela conversa citada no início desse texto. Imaginemos por um minuto que fosse possível separar o ser social do ser corporativo (ok, sabemos que não dá)... teoricamente não deveria haver nenhum problema com as situações acima, pois todas as posições citadas seriam regulamentadas e corretamente remuneradas. Seria como deixar sua alma na porta de entrada e vesti-la outra vez na hora de sair. Se na teoria funciona, na prática é impossível, pois geraria um conflito gigante entre o indivíduo social e o profissional. Não é uma boa alternativa aceitar uma posição apenas pela remuneração, é necessário que os valores pessoais estejam alinhados com os valores profissionais, pois somente assim o gasto de energia será minimizado e a eficiência maximizada. Entretanto, no mundo corporativo, muitas vezes temos que tomar decisões absolutamente corretas mas que estão desalinhadas com nossa forma de pensar... e isso está ok! As empresas, países, negócios e até mesmo famílis vivem de ciclos e se você não entende ou não aceita isso, vive em alguma realidade paralela. É preciso se adequar para sobreviver e voltar melhor e mais forte. Somos assim, como seres humanos.
É praticamente impossivel ser feliz em todas as decisões que tomamos e sempre buscamos estarmos certos e felizes quando as tomamos. Nas grandes mudanças, seguramente buscaremos essa combinação, mas estejamos preparados para os momentos em que teremos que abrir mão de sermos felizes por um tempo para estarmos certos, até que o próximo ciclo se reinicie.
Porque a vida imita as organizações e as organizações imitam a vida.
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