A Parábola do Café com Pão

O vento urrava entre o pequeno bosque, parecia trazer consigo a força de milhares de turbinas de aviões, querendo arrancar pela raiz as árvores que ali protegiam o pequeno regato e o lago, que descansava aos pés da montanha. Ao redor, casas de agricultores se seguravam ao terreno, ainda iluminadas por pequenos lampiões pendurados nas paredes, a mesa posta, café fumegando e exalando o aroma mais gostoso do planeta, o pão quentinho saindo do forno enquanto o sol começava a dar suas caras.

Era a hora de conquistar o mundo! Abrir aquela porta, passos decididos enfrentando a ventania e encarando os monstros do caminho, monstros tão velhos e viciados que já não se imaginava o que pudesse derrubá-los. Monstros que controlavam a floresta, a natureza, os seres incautos.

Os elfos, guardiões inconscientes da monstuosidade mor repetiam incansavelmente: desista, não vai conseguir. A surdez se fez necessária.

Sob os pés, o terreno molhado, a lama escorregadia, as raizes das árvores pareciam se mexer, bloqueando os passos e faziam a distância dobrar. Pernas fortes se criaram.

Os arbustos fustigavam a pele com seus espinhos e galhos secos, ferindo e fazendo sangrar as costas, braços e pernas. Calos cobriram as cicatrizes para que ficassem mais resistentes.

Mesmo os animaizinhos, inocentes seres que habitavam todo o ecossistema fustigavam com mordidas, arranhões e bicadas, fazendo o tempo durar uma eternidade! Ativou-se o modo paciência e persistência.

Muitos seres encantados e enfeitçados tentavam ludibriar e iludir, com falsos discursos e mentiras meticulosamente construidas, querando forçar uma mudança de rota, um recuo, uma desistência. E se aperfeiçoou a inteligência.

Deixando a mata para trás, o desafio da vila! Caras fechadas, resmungos mal humorados, olhos vermelhos de raiva, inconformidade pela superação de tantos obstáculos. E ali surgiu o sorriso.

A história acima não é um conto de fadas, uma história de suspense ou um conto... é uma parábola que tenta mostrar uma pequena parcela da dura jornada que a mulher teve que enfrentar ao longo da história para ter direitos iguais!

E foi assim, sendo surda, forte, paciente, persistente, inteligente e com um sorriso no rosto que se fez a mulher moderna! Atributos incomparáveis e impossíveis de serem copiados por nós, homens pretensiosos e muitas vezes inconsequentes no tratamento à mais pura e bela força da natureza, a mulher!

Nessa pequena parábola, não preciso dizer quem são os monstros, nem os elfos, nem quem usa suas raízes para atrapalhar, quem as bica, morde, ou tentam iludi-las. Vocês todos sabem.

E não sei se todos prestaram atenção no café cheiroso e pão quentinho lá no começo, mas é o símbolo de que, antes de enfretar toda essa encrenca diária que tem pela frente, a mulher ainda tem a capacidade de expressar seu amor à sua família e a cuidar de todos nós. Sem desistir, e com aquele lindo sorriso no rosto.

Parabéns, mulheres, não pelo dia, mas por tudo o que representam nesse mundão velho e sem porteira!!!

Feliz dia das mulheres

PS - Foto feita pela minha maravilhosa esposa, Eliana Totti